sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Mas se você já tem a bolsa, por que está prestando concurso?

Essa pergunta é mais comum do que se imagina, porque as pessoas de fato acreditam que uma bolsa de mestrado ou doutorado é o bastante pra viver confortavelmente e se dedicar à pesquisa que você escolheu fazer, com toda a calma do mundo.

O que, de fato, acontece, é o seguinte:

1. Pós-graduando faz bico (ou, pra ser chique, freela) pra não viver na continha e ter alguns confortos – como comer num lugar mais caro em uma ocasião especial – que têm outros formados e aqueles que escolheram ir para o mercado de trabalho;

2. Pós-graduando continua sendo visto como aluno, seja pelo orientador, seja pela universidade. Não importa experiência profissional, dedicação ou o fato de você ter um diploma superior: quando o bicho pega, você é discente e a corda arrebenta do seu lado;

3. Bolsa é vista pelo governo como caridade. Imagine uma pessoa por volta de seus 27 anos vivendo por caridade, como se estivesse morando de favor na casa de alguém. Ah, não para por aí: esse que hospeda cobra assiduidade, prazos, trabalhos dos mais diversos, relatórios detalhados do que você tem feito e cobra que você preste serviços. Isso mesmo. Um bolsista Capes, por exemplo, é obrigado a fazer estágio docente, mas continua não sendo visto sequer como um trainee é visto num banco, por exemplo.

Então, alguns têm um momento de iluminação (especialmente pós-portaria-capes/cnpq) e resolvem ir fazer concursos ou trabalhar em suas áreas. Aí é que a coisa fica feia mesmo, porque você ainda por cima deixa de ser visto como pesquisadorzinho-mequetrefe e é visto como incompetente que quer largar a pós – o que quase nunca é verdade.

Para terminar, o governo lança, faz propaganda e alarde sobre o “Ciência sem Fronteiras”, programa que gasta rios de dinheiro pelo intercâmbio de estudantes, enquanto quem está aqui precisa buscar outras opções. A minha fronteira está bem perto e se aproximando cada vez mais, porque minha bolsa, que devia ter aumentado até 2010, continua a mesma e as negociações andam a passo de formiga sem patas.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Recepção aos Pós-graduandos 2012!

Fiquem ligados na programação e participem!

Com o objetivo de dar boas-vindas aos pós-graduandos, brasileiros e estrangeiros, à Unicamp, o "Pró-Pós - Movimento de pós-graduandos da Unicamp" convida a todos a participarem da recepção aos ingressantes que acontecerá no dia 19 de março (segunda-feira). Acontecerão, ao longo do dia, uma série de atividades com o intuito de melhor integrá-los à universidade e aos colegas. Confira a programação e participe!



Clique aqui para download do folder.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Férias? De quem?

Não ganhamos 13º, não temos férias e ainda ficamos tanto tempo sem atualizar?

É porque estamos preparando a recepção dos ingressantes do ano que vem.

Você quer ajudar? Entre na nossa lista de e-mails: https://groups.google.com/group/pos-unicamp?hl=en

Lá tem o projeto, atribuições...

Até mais!

sábado, 29 de outubro de 2011

Pra que votar? A pós é tão desconhecida e mágica...

É, ando fazendo muitas paródias mesmo. Mas hoje queria lembrar por que votar para CONSU e CCPG, mesmo não tendo quorum mínimo necessário, mesmo que um candidato possa estar lá com 5 votos e ninguém mais precise conhecê-lo.


Geralmente, eu falo muito sobre participar, ir lá, se candidatar, ter trabalho, assumir compromissos... Mas hoje não. Acho que entendi, depois desses anos na pós da UNICAMP, que às vezes basta votar, basta ir fazer número numa reunião, basta conhecer o mínimo. É necessário, enfim, pouco trabalho da maioria dos estudantes para aqueles que estão a fim possam trabalhar, ocupar espaços de representação, assumir compromissos.


Há, entre nós, alunos, poucos, realmente dispostos a participar politicamente na vida universitária – o que não é mérito a mais nem a menos, porque há outros que se dedicam a mil outras atividades que nem vou tentar começar a enumerar – então, basta seu apoio, seu voto, seu eventual comparecimento a algumas reuniões importantes (onde geralmente tem pelo menos um cafezinho e bolinho, porque ninguém é de ferro).


Por mais que sejam eleitos representantes empenhados, sejam construídas APGs e haja RDs nas mais diversas instâncias, estas pessoas não são clarividentes. Portanto, alguns minutos, eventualmente, são necessários pra que saibamos quem você é, quais são seus anseios, o que você quer do seu instituto e da pós-graduação. Recorrendo a instâncias políticas, você ganha o anonimato, porque há aqueles dispostos a conferir se há outros na mesma situação e cobrar nas instâncias corretas.


Acredito que posso pedir, em nome de muitos RDs que vocês, também pós-graduandos, dediquem eventualmente o tempo de leitura deste texto curto (ou um pouquinho mais, sejam legais) a ler os e-mails de seus RDs, ir a reuniões importantes e, sobretudo, votar conhecendo minimamente seu candidato.


Cada um fazendo o que pode, podemos fazer muito pela pós-graduação.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

#euescolhiopropos

Venho, nessa madrugada insossa, de escrita de carta para Ministro e incertezas sobre o possível ato de amanhã, explicar com mais calma pra quem não conhece o pró-pós, falar de sua composição e de, porque, enfim, escolhi militar neste espaço. Então, isso é um relato. Sintam-se à vontade pra debater.


O Pró-pós começou a se articular em 2007 – quando eu ainda não estava na Unicamp – composto por APGs principalmente das exatas e tecnológicas. Quando entrei no mestrado, havia rumores de que esse era um grupo do mal, que queria calar os estudantes ocupando os cargos administrativos e eram simples marionetes da Reitoria.


Um dia, O Vinícius, então RD do MDCC (Mestrado em Divulgação Científica e Cultural) veio procurar outros RDs do IEL para uma reunião com esse grupo. Fui eu lá com os dois pés atrás. Quando chego, encontro uma cartilha de “como montar uma APG”. Pensei “o que eu vim fazer aqui?”. Explico: até o momento, o CAL representa também a pós e a discussão levantada em 2009 sobre o tema decidiu manter a situação. Está na hora de rediscutirmos.


Com o passar das reuniões, percebi que os boatos eram fomentados por todo aquele preconceito de que “engenheiro não saca nada da sociedade”, o que pode até ser verdade em alguns casos, mas não nesse. São pessoas sérias, muito engajadas, que discutem abertamente e não impõem ideias. Não lembro de uma discussão sequer em que tenha sido necessário votar, porque sempre um cede um pouco daqui, outro dali, e a gente chega a um consenso.


É também um grupo não-sectarista. Podem chegar lá pra ajudar a construir alunos de APGs, Centros Acadêmicos que representem a Pós, RDs, qualquer aluno que esteja a par – ou queira estar a par – do que acontece na Unicamp e na pós brasileira. O grupo é apartidário – embora tenhamos membros filiados e com simpatias declaradas –, o que, pra mim, é um ganho enorme em termos de movimento estudantil. Ouso ainda dizer que é um grupo não-opressor, o que se poderia esperar de um composto principalmente por homens.


Nas IES por onde passei anteriormente, nunca me interessei muito pela militância. Isso porque as características de lá simplesmente não me atraíram. As formas de abordagem eram pouco eficientes e cristalizadas, os espaços de deliberação eram altamente partidarizados e muitas outras questões.


Esse é o Pró-Pós, do meu ponto de vista, e por isso #euescolhiopropos. Podemos ainda ser poucos e muito de que tentamos não deu muito certo, mas já tentamos muito e, acredito eu, bastante coisa está dando certo.


Como ando numa de paródias:

Vem pro Pró-Pós você também. Vem!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Carta Aberta aos Pós-Graduandos

Prezados colegas pós-graduandos,


Realizamos na última segunda-feira, 03/09, uma reunião a fim de determinar algumas diretrizes básicas comuns aos candidatos à CCPG e ao CONSU esse ano. Embora não haja a inscrição propriamente da chapa, aqueles que assinam essa carta tentarão levar a debate na gestão que se inicia no próximo ano os seguintes temas:


  • Política de complementação das bolsas de pós-graduação;

  • PED: transparência nos processos de seleção e avaliação; foco na formação docente e que não justifique a não-contratação de docentes;

  • Participação ativa de nossa universidade pelo aumento do financiamento para pesquisa, ensino e extensão;

  • Aumento do financiamento estadual;

  • Rediscussão da regulamentação de festas e do uso dos espaços da Unicamp;

  • Melhoria da assistência estudantil (bandejão, moradia, ônibus circulares...).


Além disso, concordamos sobre os seguintes princípios básicos para a próxima gestão:


  • Diálogo constante com os alunos;

  • Transparência: criação de um blog aberto a comentários com os relatos das reuniões;

  • Discussões com a comunidade sobre PNE e PNPG;

  • Discussões sobre os mais variados problemas que os alunos encontram no PED;

  • Debater o financiamento de pesquisa, ensino e extensão;

  • Debater a utilização dos espaços de vivência pela comunidade;

  • Tratar e demandar que as instâncias deliberativas tratem CAs e APGs como entidades institucionais que são e não somente como grupos de indivíduos.


Se houver interesse em se juntar a nosso grupo, compareça a nossa próxima reunião, sexta-feira, às 12:30, no CAL (IEL), na qual abriremos a discussão das pautas acima e a inclusão de outras. Vale sempre lembrar que um consenso entre os participantes até então interessados é de que não admitiremos aparelhamento partidário. Membros de partidos são muitíssimo bem vindos, mas acreditamos que não devemos colocar questões partidárias acima das demandas dos estudantes que pretendemos representar.



Assinam essa carta:

Alan Godoy (FEEC) – Candidato ao CONSU

Amanda Amorim (IEL) – Candidata à CCPG

Deborah Domingues (IMECC) – Candidata ao CONSU

Flávio Silveira (IB) – Candidato à CCPG

Gustavo Shimizu (IB) – Candidato ao CONSU

Kisnney Almeida (IMECC) – Candidato à CCPG

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Carta ao Presidente da Capes

Prezado Professor Doutor Jorge Almeida Guimarães,


Viemos, por meio desta, manifestar formalmente nossa insatisfação quanto à falta de diálogo entre as agências de fomento – e, aqui, enfatizamos a Capes – e os Pós-graduandos. Em diversos eventos informativos ou de recepção de novos estudantes, buscamos contatos com esta agência e não obtivemos retorno.

Enfatizamos que não somos estudantes que passivamente adquirem conhecimento gerado pela universidade, mas nos dedicamos intensamente à pesquisa, ao ensino e a diversos projetos de extensão. Assim, afirmamos, sem sombra de dúvidas, que nossa participação na produção de conhecimento é fundamental e não está recebendo o devido reconhecimento nem social nem econômico.

Reivindicamos, como historicamente outras organizações de pós-graduandos demandaram:

  • Que seja cumprido o PNPG 2005-2010, com o devido reajuste de bolsas;

  • Que haja uma negociação anual – como há em outras classes – por reajuste justo e regular;

  • Que o estabelecimento do valor da bolsa leve em conta os altíssimos custos de viver nos grandes centros urbanos e, portanto, que as bolsas sejam niveladas pelos locais com maior custo de vida;

  • Acréscimo de um valor de taxa de reserva/bancada que os alunos possam gerir, de forma a adquirir materiais, livros e equipamentos que estejam relacionados a suas pesquisas, como há em outras agências de fomento.

  • Que as bolsas permitam alguma estabilidade aos alunos – o que não ocorre atualmente, uma vez que os programas podem cancelar as bolsas a qualquer momento sem abrir qualquer processo interno ou apresentar qualquer justificativa;

  • Que os pós-graduandos sejam socialmente reconhecidos como pesquisadores que somos e que negociemos direitos trabalhistas tais como décima-terceira bolsa e que a pós-graduação conte como tempo para a aposentadoria.


Da forma como atualmente se encontra a pós-graduação, nos questionamos se a decisão mais acertada foi, de fato, perseverar na vida acadêmica ou se seria mais conveniente a iniciativa privada ou os mais diversos concursos públicos que conferem muito mais reconhecimento e direitos. A vida acadêmica não deve ser vista como uma vida de sacrifícios, mas como uma profissão tão digna e respeitável quanto todas as outras.

Os atuais valores de bolsas e a falta de estabilidade tornam proibitiva a ida de muitos estudantes de outras regiões para grandes programas de pós-graduação, mantendo-os restritos a uma certa elite econômica; impede que se constituam famílias; a falta de taxa de reserva/bancada restringe a participação em eventos acadêmicos e por muitas vezes atrasa a pesquisa.

Uma vez que o discurso corrente é de que devemos ser produtivos, afirmamos que a postura da Capes em relação aos pós-graduandos é extremamente contraproducente, pois, ao invés de prover condições para que desenvolvamos pesquisas de qualidade em prazos reduzidos, coloca os alunos em segundo plano, nada fazendo após as tão difíceis reuniões e, portanto, tornando necessária nossa atuação política mais enfática.


Atenciosamente,

Pró-Pós – Movimento de Pós-Graduandos da Unicamp.